segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A Rede de Sensações e Afinidades

Os 53 sentidos naturais de sobrevivência listados abaixo conectam e equilibram a Natureza interna com a Natureza externa. Alguns dos sentidos são misteriosos para nós, mas como disse Albert Einstein: 


“A coisa mais bela que podemos experienciar é o misterioso. Ele é a fonte de toda verdadeira arte e ciência”.

Algumas sugestões antes de o leitor passar pela lista dos 53 Sentidos Naturais:

À primeira leitura pode haver um estranhamento em relação ao sentido de cada uma destas sensações da mente, portanto muitos desses sentidos devem ser lidos mais do que uma vez para se chegar a uma percepção mais interna e profunda de seu verdadeiro significado.

Quando houver a impressão de o termo estar se repetindo, procure compreender a categoria na qual ele aparece e a diferença do tipo de sentido referente ao modo de percepção do mesmo.


Alguns termos tem significados amplos e eliciam uma primeira associação mental de acordo com a cultura do leitor, seus credos e referências pessoais. Sugiro a observância de suas reações – sejam de afinidade ou repulsa – aos termos empregados, buscando chegar ao seu sentido mais essencial.


Rogério Meggiolaro


Os Sentidos de Radiação

01. Sentido de luz e visão, incluindo luz polarizada.

02. Sentido de ver sem os olhos, assim como heliotropismo ou o sentido de sol das plantas.

03. Sentido de cor.

04. Sentido de humores e identidades relacionados às cores.

05. Sentido de consciência da própria visibilidade ou invisibilidade e conseqüentemente de camuflagem.

06. Sensibilidade à radiações outras além da luz visível, incluindo ondas de radio, raio-x, etc.

07. Sentido de temperatura e mudança de temperatura.

08. Sentido de estação, incluindo a habilidade de isolamento, hibernação e sono hibernal.

09. Sentido eletromagnético e polaridade, incluindo a habilidade de gerar corrente (como no sistema nervoso e nas ondas mentais) ou outras energias.


O Sentidos de Sentimento/Sensibilidade

10. Audição, incluindo ressonância, vibrações, sonar e freqüências ultrasônicas.

11. Consciência de pressão, particularmente sob a terra, a água e ao vento e ar.

12. Sensibilidade a gravidade.

13. O sentido de excreção para a eliminação de dejetos e proteção contra inimigos.

14. Tato, particularmente ao toque na pele.

15. Sentido de peso, gravidade e equilíbrio.

16. Sentido de espaço e proximidade.

17. Senso de Coriolus, ou consciência dos efeitos da rotação da terra.

18. Sensações de movimento corporal e senso de mobilidade.


Os Sentidos Químicos

19. Cheiro, com e além do nariz.

20. Sabor, com e além da língua.

21. Apetite e fome.

22. Caçar, matar ou impulsos de obtenção de alimento.

23. Senso de umidade, incluindo a sede, controle da evaporação e a perspicácia para achar água ou fugir de enchente.

24. Sentido hormonal, como ao feromônio*


Os Sentidos Mentais

25. Dor, externa ou interna.

26. Estafa mental ou espiritual.

27. Sentido de medo, temor ao ferimento, morte ou ataque.

28. Impulsos procriativos, incluindo consciência de sexo, galanteamento, amor, copulação, paternidade e criação de crianças.

29. Senso de jogo, esporte, humor, prazer e risada.

30. Sentido de localização física, senso de navegação, incluindo uma detalhada consciência do território terrestre e aquático, da posição do sol, lua e estrelas.

31. Senso de tempo.

32. Sentido de campos eletromagnéticos.

33. Sentido de mudança de clima.

34. Sentido de emotividade a local, comunidade, à pertencer, apoio, confiança e gratidão.

35. Sentido de eu/self, incluindo amizade, companheirismo e poder.

36. Senso territorial e de dominação.

37. Sentido de colonização, incluindo consciência receptiva às criaturas companheiras de outrem, algumas vezes ao grau de ser absorvido dentro de um superorganismo.

38. Senso de horticultura e a habilidade de cultivar plantações, como feito pelas formigas que cultivam fungos, por fungos que cultivam algas, ou pássaros que usam alimentos para atrair presas.

39. Língua e senso de articulação, usado para expressar sentimento e transmitir informação em qualquer meio, desde a danças das abelhas à literatura humana.

40. Sentido de humildade, apreciação, ética.

41. Senso de forma e design.

42. Elucubração, incluindo memória e a capacidade para lógica e ciência.

43. Sentido de mente e consciência.

44. Intuição ou dedução subconsciente.

45. Senso estético, incluindo criatividade e apreciação da beleza, musica, literatura, forma, design ou interpretação cênica.

46. Capacidades psíquicas como premonição, clarividência, psicocinése, projeção astral e possivelmente certos instintos animais e sensibilidade de plantas.

47. Senso de tempo biológico e astral, consciência de evento passado, presente e futuro.

48. A capacidade de hipnotizar outras criaturas.

49. Relaxamento e sono, incluindo sonho, meditação, consciência das ondas mentais.

50. Senso de pupação, incluindo construção de casulo e metamorfose.

51. Sentido de estresse excessivo e capitulação.

52. Sentido de sobrevivência pela união a um organismo mais estável.

53. Sentido espiritual, incluindo consciência, capacidade ao amor sublime, êxtase, senso de pecado, profundo pesar e sacrifício. 



*A pheromone is a chemical that triggers a natural behavioral response in another member of the same species. There are alarm pheromones, food trail pheromones, sex pheromones, and many others that affect behavior or physiology. Their use among insects has been particularly well documented, although many vertebrates and plants also communicate using pheromones

Ecologia & Psicologia: Ecopsicologia

Em seu livro, "Wel Mind, Well Earth" o psicólogo e ecologista Michael J. Cohen afirma que o mundo natural é 'uma outra civilização como a nossa', que ‘cada um de nós é parte da civilizada e sempre mutante perfeição da natureza', e ressalta que, pessoalmente, socialmente e ambientalmente, grande parte de nossos problemas resultam de diferenças entre o processo que o ambiente natural e nós usamos para construir nossas relações. Nossa lógica enfatiza educar para pensarmos e relacionarmo-nos através do uso da linguagem - palavras abstratas, símbolos e imagens - enquanto que o mundo natural alcança sua perfeição através da atração de energias, uma comunicação não lingüística. Esta diferença é o que nos desconecta das tendências naturais, tanto dentro de nós, como ao nosso redor. Isso nos impede de desfrutarmos da sabedoria, equilíbrio e paz inerentes na natureza.


Nós nunca iremos ensinar o mundo natural a falar português e assim nos revelar seus segredos. A fim de aprender como a natureza funciona, Cohen desenvolveu técnicas não-verbais e sensoriais de conexão com a vida natural.


Através da estimulação do pensamento crítico durante visitas a áreas naturais, seu método educacional capacita os visitantes à consciente e sensorialmente, reconectarem sua natureza interna ao mundo natural. Esta conexão permite à auto-organizável e regenerativa civilização natural funcionar dentro e entre indivíduos de qualquer idade, revertendo assim quadros de apatia, disfunções e dependências, motivando e direcionando de maneira responsável o gerenciamento do estresse e da auto-estima.


Não é um grande mistério a coerente integridade entre a natureza e nós mesmos. Como parte da malha da vida, nós, seres humanos, herdamos também esta integridade de forma congênita. Ela é nossa ‘natureza interior’, uma 'planta' compartilhada globalmente a que chamamos de 'a criança dentro de nós'. O verdadeiro segredo está em aprender a ler esta planta, analisá-la, reconectar-se a ela, validando sua integridade ao invés de aprender a vencê-la, como geralmente o fazemos. Ler a planta interior é uma possível definição para educação: 'Trazer de dentro para fora.' Esta leitura nos conecta com nossa origem mais comum e essencial, abrindo caminho para uma experiência de recomeço, para a criação conjunta de uma sociedade verdadeiramente civilizada, ao invés de tornar-nos ainda mais 'confusos', ou seja, descompassados em relação ao ritmo de toda a natureza.


A fim de promover experiências de reconexão entre a espécie humana e a vida natural, o departamento de 'ecopsicologia' da World Peace University apresentou um conjunto de atividades e ferramentas, que nasceram de experiências com algumas inquietações do homem contemporâneo, como a apatia, o estresse, a depressão e outras situações de desconforto psicológico.


Michael J. Cohen afirma que após muitos anos ensinando e vivendo na natureza acredita que educação responsável e aconselhamento podem ser melhor entendidos em termos de aprendizado multisensorial, e que todas as experiências consistem em sentir ou ressentir (rememorar) no momento presente sensações de atração natural, e seus graus de integração, cumprimento ou frustração. O aprendizado por livros se vale de quatro sentidos naturais: visão, linguagem, raciocínio e consciência. Entretanto, o mundo natural raramente alcança sua beleza e equilíbrio pelo uso de somente quatro sentidos, muito menos o faz através de livros, linguagem ou "tecno-logia", isto é, "pensamento lógico que cria técnicas e histórias artificiais". Em contra partida, o mundo natural funciona em termos "bio-lógicos". Biológico consiste em ser multisensorial, seguindo a atração natural de cada momento, que em nós aparecem por mais de 53 sentimentos e sensações naturais. Nossos sentimentos e sensações naturais são sinais muito antigos de memória, evoluídos globalmente. Uma multiplicidade de formas biológicas de conhecer, existir e sustentar a vida, que herdamos para nossa sobrevivência no planeta. Por exemplo, assim como a água é uma fonte natural de vida, igualmente natural é a nossa sede. Sede é um fato sensorial, um sentimento bio-lógico, uma memória única e inalterada que conecta a nós, animais terrestres, separados da água, com a sobrevivência e logo com a água. Em suma, a sede, assim como todas as nossas sensações naturais, tem uma razão de ser.


Pesquisas acadêmicas validam que psicologicamente e fisiologicamente, a natureza interior dos seres humanos consiste de uma variedade de sensações naturais. Pelo menos 53 sensações naturais foram identificadas nas pessoas. Entre estas, estão sentidos adicionais como cor, sede, linguagem, gosto, cheiro, excreção, pertencer a um grande todo, espaço, distância, forma, temperatura, tato... A sensação de cada sentido é única. Note especialmente que o raciocínio, a linguagem e a consciência são sentidos naturais que desempenham funções de sobrevivência na natureza. Note também, que de alguma forma, cada sensação permeia todo o mundo natural, incluindo nossa natureza interior.


As atividades propostas por esta abordagem têm por objetivo a descoberta, conscientização e exploração dos sentidos e sensações naturais do ser humano através de técnicas de sensibilização pelo contato reintegrativo com áreas verdes e outras entidades naturais. Nossa busca é auxiliar o homem no desenvolvimento de uma atitude consciente e responsável em sua relação com o meio ambiente, a qual emerge da percepção de si mesmo como sendo uma entidade não alheia e nem separada da natureza. Não somos, enquanto espécie, mais importantes para a vida do planeta do que uma planta, um peixe ou mesmo de uma bactéria. Nossa impressão de superioridade, enquanto sapiens sapiens, provém de um processo de desidentificação com a ordem natural do planeta, que existe em coesão. Esta atitude de nossa espécie está explícita na própria geografia das cidades nas quais nos concentramos, na artificialidade dos estímulos como cores, aromas, texturas e sabores, e no nosso ‘mundo à parte’, construído e organizado por nós mesmos, os seres humanos.
Somos, entretanto, ainda que não totalmente conscientes, entidades interdependentes, portadora de uma sabedoria auto-reguladora, legítima, congênita e compartilhada com toda a biosfera do Planeta Terra.




Rogério Meggiolaro – Instituto Neo-Humanista




Michael J. Cohen – A Field Guide to Connecting With Natures - World Peace University – Oregon, USA